terça-feira, 28 de abril de 2015

As minhas séries | Lost

Da última vez que abordei o tema aqui estava indecisa entre retomar Lost e começar a ver Orange is the New Black. Pelo título deste post já devem ter percebido sobre qual das séries recaiu a minha escolha. Um dia destes li um artigo sobre a série e que se referia a ela como "a melhor de todos os tempos" e tinha de comprovar se é ou não verdade. De qualquer forma foi um grande marco na televisão mundial e continua a ser muito aclamada.

Lost (Perdidos)
Nome original: Lost
Nome em Portugal: Perdidos
País: EUA
Em exibição: 2004-2010
Temporadas: 6
Género: Aventura, Drama, Ficção Científica
Lost ou Como Ver Meia Temporada Num Dia é provavelmente a série mais misteriosa e bem construída que já vi. É recheada daqueles episódios que nos obrigam a ver o próximo mesmo quando o que mais apetece fazer é dormir. Queremos evitar ver o resto da temporada mas não dá. E de repente reparamos que são 2 horas da manhã. Uma chatice. Das boas!
A série começa por focar-se nos sobreviventes de um avião que caiu numa ilha (supostamente deserta), o Oceanic 815. São forçados a trabalhar como equipa para sobreviver na esperança de que possam vir a ser resgatados. Conforme passam os dias, a esperança vai-se desvanecendo e os sobreviventes vêm-se obrigados a construir as suas vidas na ilha. Ao início pareceu-me uma série com muito pouca margem de evolução e por isso estava intrigada sobre o que é que alguém ia tirar daquilo para não tornar os episódios todos num calvário. Não foi preciso muito para descobrir...
As personagens são desenvolvidas de uma forma extremamente inteligente e que mantém o espectador colado ao ecrã. Vamos conhecendo fragmentos da vida de cada um através de flashbacks. Mas não são flashbacks aleatórios. Se o primeiro episódio é focado no personagem A, esse personagem pode só ter o holofote passado 5 ou 6 episódios. À medida que os vamos conhecendo, vamos criando uma grande afeição por eles, vamos percebendo o que os leva a fazer determinadas coisas e o porquê de reagirem da forma que reagem. Outra das coisas que mais adoro em séries é quando o episódio responde a uma pergunta... e lança outras cinco! O elenco é excelente e enorme porque vão sendo acrescentadas novas facções de personagens a cada nova temporada, o que faz com que a série se torne muito mais dinâmica do que se continuasse sempre focada única e exclusivamente nos sobreviventes do desastre. Talvez seja a série que desenvolve de forma mais profunda as personagens, porque não conhecemos só uma ou duas de forma elaborada. Conhecemos muitas e a forma como são apresentadas torna-as a todas inesquecíveis!
Sem dúvida que é uma série que vale a pena ver, mistura ficção científica com aventura, muita acção e sem faltar uma pitada necessária de romance e comédia. É aquela série que mistura um bocadinho das outras todas numa combinação que resulta numa forma épica e singular de contar uma história e que tem um jogo psicológico muito forte. Deve ser vista com imensa atenção porque cada pormenor é importante, perceber o porquê de tudo é mais do que fundamental, perceber como é que as personagens foram parar à ilha é vital. Se assim não for, corremos o risco de também ficar perdidos. 

terça-feira, 14 de abril de 2015

Será que a rapariga da revista é igual à rapariga da revista?

A minha relação com o meu corpo nunca foi fácil. Continua a não ser fácil hoje. Sempre me senti mal na minha pele. Não gostava disto ou daquilo e diversas pessoas punham o dedo na ferida. Os anos passaram e eu nunca consegui amar-me, como gostava.
No entanto, tento aceitar-me todos os dias. Há dias em que isso é mais fácil, em que eu até acho que posso gostar de mim, do meu aspecto. Outros dias em que acho que o aspecto é tão importante como uma mosca e que o que conta é unicamente o meu interior. Outros dias ainda em que não me suporto e tenho vontade de partir qualquer espelho que se atrevesse no meu caminho. A maioria deles é assim. Piora quando começa a vir calor e as camadas de roupa começam a ir embora. Vêm os calções, vêm os biquínis e os vestidos brancos. E é o meu inferno.
Até neste aspecto sou paradoxal (como sou em todos os aspectos da minha vida). Acho que julgar-me pelo meu corpo (como julgar qualquer pessoa somente pelo seu aspecto) é ser fútil mas não consigo vestir um biquíni e usá-lo em espaços públicos de forma descontraída. É doloroso mas ninguém compreende isso. Já passei anos sem ir à praia ou à piscina simplesmente porque não conseguia fazê-lo, não me sentia confortável nem relaxada o suficiente para me expor dessa forma. Tinha vergonha. Tinha vergonha de mim própria. Em retrospectiva acho que foi das posições mais estúpidas que alguma vez adoptei mas também sei que provavelmente vou voltar a repetir isso.
Tenho, no currículo, algumas tentativas de tentar melhorar isto. Já me inscrevi no ginásio umas dez vezes sempre com a promessa de que "desta é que é" e que vou ter força de vontade suficiente para me manter lá, a sofrer e a suar como se o mundo acabasse amanhã a amaldiçoar todos os chocolates que já comi na vida. Acabo sempre por fracassar e desistir com as desculpas mais esfarrapadas do mundo.
Eu confesso que o mais complicado não é treinar. Pronto, é um bocadinho complicado. Mas eu admito que o meu grande problema é a alimentação, é fechar a boca a chocolates e pizzas e companhias. Eu adoro comer. Adoro feijoada. Adoro picanha. Adoro massa. Adoro pizza. Adoro francesinhas especiais. Adoro isso tudo e ficava feliz da vida se coisas dessas não engordassem e fossem saudáveis. A sério que sim. É assim o sonho da minha vida! Comer bem para mim é um desafio!
Com o passar dos anos, a minha forma de pensar também foi mudando. Apesar de continuar com vergonha do meu corpo, de odiar expor-me num biquíni, de me sentir sempre uma lontra, de continuar a não gostar de mim percebi que tenho de me aceitar. Não são as minhas estrias ou a minha celulite que me definem. Não é ter uns quilos a mais que faz de mim menos que alguém. Eu tenho de me aceitar como sou hoje, é aqui que eu vivo hoje e isso eu não posso alterar, por muito que me apeteça. Sou assim. Posso não ser perfeita, não ser sexy ou sensual, não ter as pernas torneadas e o rabo perfeito da Beyoncé nem a barriga negativa da Candice Swanepoel mas sou eu!
Esta semana decidi voltar ao ginásio. A aproximação ao verão faz-me tremer um bocadinho. Não me quero privar de aproveitar o sol ou privar-me de ir à praia só porque o meu corpo não corresponde às medidas ideais ou às medidas que vejo como ideais. Esta semana decidi voltar ao ginásio, não com a ideia de ficar perfeita em 3 semanas mas com a ideia de me desenhar, de me construir, de aprender a gostar de mim. Sei que não vai acontecer em 3 semanas ou 3 meses. Talvez daqui a 3 anos seja aquilo que pretendo ser. Até lá sei que tenho um caminho para aprender a gostar de mim, para me aceitar.