terça-feira, 27 de outubro de 2015

A minha estante | 1984

Há livros que eu tenho medo de ler porque as minhas expectativas estão para lá de altas. Um desses livros era 1984, de George Orwell (pseudónimo de Eric Arthur Blair). Não consegui resistir mais e devorei-o em dois dias. As minhas expectativas estavam altas mas consegui ficar positivamente surpreendida. Tornou-se, com facilidade, um dos meus livros favoritos. Por isso torna-se difícil falar dele, porque é sempre mais difícil falar em público do que é pessoal para nós.
Em 1984 conhecemos uma sociedade distópica, em que o Estado, na figura do Big Brother (O Grande Irmão), controla tudo e todos. O mundo divide-se em três mega-blocos:Oceânia, Lestásia e Eurásia. A sociedade da Oceânia divide-se no Partido Interno, o Partido Externo e os Proles. Todos os cidadãos, excepto os proles (a maioria da sociedade, com nenhuma educação e que por isso não são uma ameaça ao governo), são vigiados durante todo o dia, através dos telecrãs que têm em suas casas ou através dos espiões que estão por todo o lado. Desde cedo as crianças são ensinadas a denunciar tudo à Polícia do Pensamento e são inclusive encorajadas a denunciar os próprios pais se estes tiverem um comportamento suspeito (sendo que todos os comportamentos são suspeitos, como ir por um caminho diferente do habitual). Estas denuncias geralmente levavam à detenção e à tortura ou até mesmo à vaporização de quem tem a infelicidade de ser denunciado (era como se nunca tivessem existido, passavam a ser impessoas). Todos os dias são transmitidos, através dos telecrãs os "2 Minutos de Ódio" em que, tal como o nome indica, são dois minutos em que são passadas imagens e ideias de Emmanuel Goldstein, o grande inimigo do Partido. Durante estes 2 minutos, os espectadores são encorajados a destilar todo o seu ódio nesta figura através de insultos e com extravagância qb. No final têm oportunidade de mostrar todo o amor pelo Big Brother. Quem não o fizer é considerado suspeito! A verdade é que não há nenhuma lei escrita. Não é proibido falar mal do Governo, ou discordar dele. No entanto quem o fizer é sentenciado com a pena de morte.
O slogan do Partido é: Guerra é Paz, Liberdade é Escravidão, Ignorância é Força. Este slogan é criado tendo como base o duplopensar. A palavra duplopensar é uma criação da novilíngua, que pretende tornar-se na língua oficial da Oceânia (eliminando o inglês corrente, referido como a velhilíngua) e que aspira a eliminar, na sua versão final, todas as palavras que podem ser uma ameaça ao Governo e que possam criar no cidadão o acto de pensar reduzindo-o ao que é necessário. Ou seja, se a palavra liberdade não existe então o seu conceito também não existe e se a palavra bom existe não seria necessário existir a palavra mau, bastava dizer-se que era imbom e deixava de ser necessário existir as palavras óptimo ou espectacular, bastava dizer que algo era extrabom ou duploextrabom. O conceito duplopensar é, como Orwell descreve, "o poder de manter duas crenças contraditórias na mente ao mesmo tempo, de contar mentiras deliberadas e ao mesmo tempo acreditar genuinamente nelas".
O Partido faz-se representar através de quatro ministérios: o Ministério da Verdade , o Ministério do Amor, o Ministério da Riqueza e o Ministério da Paz. A ironia reside no facto de que nada é o que parece. O Ministério da Verdade é responsável pela falsificação de documentos que possam representar uma referência ao passado: o Partido nunca pode estar errado. Se o Big Brother  fez uma previsão à cinco semanas sobre a produção de alguma coisa e os dados não estivessem correctos o Ministério da Verdade tinha de alterar esse discurso de forma a que tudo estivesse certo, ou se alguém que fora um dia mencionado e se tivesse tornado uma impessoa esse artigo era eliminado e substituído por um artigo qualquer. O Partido tinha de ser infalível. O Ministério do Amor trata de controlar a população e da lavragem cerebral, é um edifício imponente, uma espécie de fortaleza que não tem janelas para que os dissidentes que lá se encontram em cativeiro estejam totalmente isolados, é onde os prisioneiros são torturados. O Ministério da Riqueza tratava da economia da Oceânia, fabricando boletins que apresentavam números incríveis e que pretendiam passar a imagem de que tudo era perfeito quando na verdade os proles viviam em condições desumanas. Por fim, o Ministério da Paz era responsável por manter a guerra (contra a Eurásia ou contra a Lestásia, sendo que quando a guerra era com um, o outro era o aliado) porque a guerra era uma forma de manter a população com o patriotismo ao rubro e unida.
Ainda estão comigo? Óptimo, avancemos! História que é história tem um herói. O nosso é Winston Smith, um cidadão totalmente comum, com 39 anos tem uma úlcera varicosa acima do tornozelo direito e um casamento falhado com uma completa devota ao Governo mas com quem não mantém nenhum tipo de contacto. Em pouco tempo percebemos que Winston não concorda com as ideias do Governo e do Big Brother, para conter a sua revolta escreve, envolto em medo, um diário onde revela as suas ideias revolucionárias contra o Partido.
Winston conhece Julia, uma rapariga intrigante que parece persegui-lo e a quem ele sonha em esmagar o crânio com uma pedra porque pensa que ela faz parte da Polícia do Pensamento e o vai denunciar por ele andar a vaguear no meio dos proles. Até que num dia normal Julia cria uma distracção só para entregar um bilhete a Winston sem que ninguém se aperceba, eles têm um encontro e percebem que se sentem totalmente atraídos um pelo outro. Julia é, à primeira vista, uma ortodoxa convertida às ideologias do Partido: passou pelos Espias e ingressou na Liga Anti-Sexo (o sexo era visto como uma mera actividade reprodutiva, sendo que o sexo devia sempre ser separado do prazer, era abominável ter prazer) no entanto discorda tanto destas ideologias como o próprio Winston.
Esta esperança de revolução fortifica-se quando O'Brien, um membro do Partido Interno com quem Winston sentia alguma ligação o convida para aparecer em sua casa para conhecer a nova edição do dicionário de Novilíngua. É nesse momento que Winston se vê envolvido em algo realmente maior do que ele e do que Julia.
Apesar de ter sido finalizado em 1948, esta obra é realmente fenomenal e continua actual. O objectivo de Orwell era criticar o totalitarismo e conseguiu-o de forma magistral. Nos dias actuais somos constantemente manipulados e estamos sempre sob vigilância. Não da forma radical como a sociedade de 1984 mas continuamos debaixo de uma vigilância constante em que todos sabem aquilo que fazemos e comemos e com quem estamos. Os jornais que são uns fantoches manipulados nas mãos de quem tudo pode, manda e faz. Será que vamos chegar um dia a 1984? De qualquer das formas lembrem-se sempre: Big Brother is watching you.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Fazem disto um circo

Não fui ao circo, não. Só parece. Hoje depois do Sporting ter ganho 3-0 na Luz uma estação qualquer transmitiu em directo de 23649718 cafés e 2765352 lugares onde perguntaram a benfiquistas e sportinguistas as suas opiniões sobre o jogo. Como se os 27862948272672 directos desde a segunda-feira passada não fossem já suficientes. Não, não é por eu não ser afecta a nenhum destes clubes que isto é ridículo. É mesmo porque inaugura um novo patamar de estupidez. Já é do conhecimento geral que só existem três clubes no futebol português (eu já sugeri fazerem um campeonato entre os três, e depois o resto das equipas estão noutro campeonato) e de vez em quando existem os clubes adversários. No entanto, este pequeno circo toma proporções megalómanas quando estes três clubes se defrontam entre si.
Eu compreendo que este jogo tinha contornos peculiares devido a toda a polémica que houve no início da época (e que ainda não serenou), então sabia de antemão que ia ter demasiada atenção (mais do que aquela que deveria). Compreendo também que pela dimensão, pela história e pela rivalidade entre estes dois clubes ia ser dada uma maior atenção do que a um Arouca - Tondela (com todo o respeito por estas duas equipas). Isso compreendo. Não compreendo é que um Arouca - Tondela seja ignorado porque há um Sporting - Benfica, isso não compreendo porque os quatro clubes participam do mesmo campeonato: o português, o nosso!
Não compreendo que nos telejornais passem resumos dos jogos da Inglaterra, da Rússia e se lhes desse na real gana até passavam resumos dos jogos do Butão (eu também não sabia que eles tinham um campeonato de futebol, mas têm, google it), mas não passam resumos de jogos dos clubes portugueses a não ser que joguem contra três clubes específicos. Aí já passam umas imagens dos treinos e das conferências de imprensa e assim. Só para dar aquela falsa sensação de tratamento igual para todos.
Sabem aqueles programas de futebol em que supostamente é para falar de futebol mas que como cenário têm os símbolos dos estarolas do costume? Pois, eu também sei mas como para mim são uma fantochada em que a maioria dos comentadores perde o bom-senso porque não tem postura nenhuma e falam de tudo menos de futebol a sério eu não os vejo porque não há seriedade nem igualdade. Enquanto a comunicação trabalhar assim, com filhos e enteados não conseguem ter o meu respeito. O futebol é de todos e mais importante, é para todos. Se querem pôr uns no pedestal e outros debaixo do chão então não podem dizer que estão a fazer um trabalho sério e de informação. Nem se auto-proclamem jornalistas quando são meros jornaleiros.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O meu tempo tem sido sugado sei lá bem para onde e eu raramente tenho ligado o computador e quando o faço é para desfrutar de uma série (estou a acompanhar uma nova, Blindspot, que está a ser maravilhosa, depois conto-vos!) ou para ver um filme. Ou então para fazer alguma pesquisa ou trabalho para a universidade, claro! Apesar de as aulas já terem começado à algumas semanas ainda não consegui organizar bem o meu calendário e tenho andado bastante cansada. Há muitos temas sobre os quais quero falar por cá e pretendo fazê-lo assim brevemente. Quero falar-vos do 1984. Do meu Vitória, infelizmente as coisas não têm corrido pelo melhor. E de mais uma data de coisas. Por isso fiquem por cá, vou tentar ser uma companhia mais assídua. Só passei por cá porque tinha saudades de partilhar alguma coisa. Nem que fosse um bocadinho da minha própria confusão!

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O significado das palavras

Às vezes as palavras são tão usadas que nós nem pensamos mais no significado real das mesmas, pensamos que as conhecemos sem as conhecer. Só de vez em quando, quando alguma coisa desperta essa nossa curiosidade adormecida, é que pensamos e reflectimos na realidade das palavras que são tão fundamentais na nossa ligação aos outros. Melhor do que continuar a tentar explicar o que quero dizer, deixo em baixo um vídeo que tem tanto de engraçado como de verdadeiro. O vídeo pretende esclarecer dois conceitos: empatia e simpatia. Se calhar nunca pensaram muito na distinção. Eu nunca o tinha feito. 

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Sétima Arte | Trainspotting

Quando vi o Requiem for a Dream tinha lido vários comentários que o comparavam a Trainspotting. Conhecia vagamente o filme e sabia que o tema principal era o uso de drogas, por isso a comparação entre estas duas obras ser tão evidente. Apesar do tema ser o mesmo acho que são dois filmes muito distintos. Requiem for a Dream é, indubitavelmente, um dos filmes que mais me marcou até hoje, continua a arrepiar-me e a mexer imenso comigo e portanto, se tivesse de escolher um, seria esse. Acho que a maior diferença reside no facto de Trainspotting ser um filme mais leve, que dá espaço para rir de algumas das deixas de um ou outro personagem. É, também ele inesquecível e o seu lado psicadélico com cenas absolutamente icónicas como quando Renton (Ewan McGregor) "mergulha" na sanita mais suja da Escócia para procurar os seus comprimidos ou a cena em que o espectador vê Renton ser, aparentemente, enterrado quando este se encontra num estado entre a vida e a morte. O que se separa este filme de todos os filmes sobre o uso de drogas? É a sua objectividade. O que quero dizer com isto é que é um filme que não tem um tom moral relativamente ao uso de drogas, é a realidade pura e dura sem flores ou adornos e eu gosto muito disso. Uns verão este filme como pró-drogas e outros como anti-drogas. Outros verão uma obra-prima do cinema. Essa interpretação, Danny Boyle deixa-a connosco.
As drogas apresentavam-se como um caminho alternativo à sociedade consumista e fútil dos anos 90. É um escape à vida sempre igual de todos os outros, pessoas monótonas e todos com os mesmos objectivos. A heroína é um prazer e um grito de revolta dos jovens para quem a sociedade parece não ter espaço. Renton, que se revela capaz de levar uma vida normal, vai narrando episódios da sua vida e da vida dos seus amigos: o inocente e trapalhão Spud (Ewen Bremner), o interesseiro Sick Boy (Johny Lee Miller), o atinado mas que acaba por se tornar como os amigos Tommy (Kevin McKidd) e Begbie (Robert Carlyle), viciado em álcool e violento qb. Sabem o tipo de companhias com quem nenhuma mãe sonha que os seus filhos se dêem? São eles. O pano de fundo são os arredores de Edimburgo, na Escócia e Londres, onde Renton acaba por começar uma vida longe das drogas e arranja um emprego convencional... até que tudo recomeça quando os amigos lhe decidem aparecer à porta.
Injectam-se com heroína pelo prazer mas também pelo desafio, por ser contra o que todos esperam, até porque, segundo Renton, num diálogo frenético em que enumera todas as drogas com ele e os amigos se injectam refere que "até nos injectávamos com Vitamina C, se fosse ilegal". O filme é uma experiência em que não conseguimos ver as personagens como heróis, mas passamos o tempo todo a olhar para ele como se fossem uns desgraçados, até sentirmos pena deles. No entanto não conseguimos evitar uma pergunta no final do filme: afinal quem é mais triste? É a sociedade que tem uma vida normal, sempre igual, planeada ao mais ínfimo pormenor e moralmente aceitável ou este grupo de jovens, que encontra prazer e felicidade no companheirismo que todos têm por compreenderem entre si o vício das drogas e na heroína, sem nunca querer ceder à vida adulta e a um envelhecimento convencional?
Para além do argumento ser extremamente bom, a direcção de Danny Boyle é frenética e soberba. Os desempenhos dos actores foram maravilhosos. A todos estes pontos positivos junta-se mais um: a banda sonora que é de luxo e que faz do filme algo ainda melhor (e eu acho que se bem escolhida e seleccionada, a banda sonora acaba por ser também uma personagem).
No início deste post disse que era um filme mais leve do que o Requiem for a Drem. Sem dúvida que é, mas continua a ser um filme difícil de ver com cenas que de facto nos fazem sentir quase aquilo que as personagens sentem, que nos assombram como quando Renton está em recuperação no quarto da casa dos seus pais e o bebé anda no tecto, enquanto tem uma visão dos seus amigos. Apesar de ser difícil é um filme imperdível, nada convencional e mais do que isso, é uma obra-prima inesquecível do género de que Hollywood anda a precisar neste tempo de crise criativa que por lá paira. Há boas novidades: Danny Boyle anunciou a sequela para 2016 com os mesmos actores e inspirado no livro homónimo de Irvin Welsh (e que eu espero ler em breve no idioma original para que nada se perca na tradução)!
Danny Boyle dirigiu outro filme que eu gosto muito: The Beach com Leonardo DiCaprio no papel principal e dois outros filmes bastante conhecidos e reconhecidos: 127 Hours e Slumdog Millionaire

P.S.: Trainspotting é, na Inglaterra e na Escócia, o acto de fazer alguma coisa que é uma perda de tempo, nomeadamente escolher um comboio e marcar sempre as horas a que ele passa. É mesmo uma perda de tempo, mas há outras coisas que Renton enumera no início do filme e que corresponde a cada personagem: para si, a heroína, vista como o maior desperdício de tempo. O Sick Boy é obcecado por filmes do James Bond, o Begbie por álcool e lutas de bar, o Spud quer sempre evitar trabalhar e Tommy encontra o seu entretenimento em filmar-se a ter relações sexuais com a namorada.

sábado, 3 de outubro de 2015

Votar ou votar... eis a questão

Ilustração de Justin Metz para a Bloomberg Businessweek (também é capa da Sábado da edição nº 596)
É aquela altura do ano em que o país se divide em dois tipos de pessoas: os que vão às urnas votar e os que não vão. Bem, é uma generalização que me dá jeito fazer a partir de agora. Pela primeira vez este ano vou poder votar. Não vou estar aqui com conversa de intelectual que percebe muitíssimo de política porque isso não corresponde à verdade. A maioria das pessoas dá-me 15 a 0 em assuntos políticos com relativa facilidade. Considero-me uma pessoa informada e vou acompanhando as notícias por isso vou tendo conhecimento daquilo que se passa no país, apesar de às vezes haver assuntos do domínio político que tenho mais dificuldade em acompanhar. Não me orgulho disso, gostava de ser uma pessoa capaz de ter uma conversa de mais de 2 minutos sobre política, gostava inclusive de fazer alguma coisa relacionada com política. Ultimamente, e tendo em conta que este ano vou votar, tenho estado mais interessada mas continuo sem perceber muita coisa.
Se calhar vou ser injusta no que vou dizer, ou então não. Os políticos da actualidade não me inspiram, não me dão confiança, não me dão vontade de os ouvir. Uns mais do que outros, claro. Mas de forma geral não me dão razões suficientes para os ouvir. As campanhas eleitorais são uma anedota em que os políticos fingem que se preocupam verdadeiramente com a população e em que prestável e estrategicamente se deslocam onde lhes dá mais jeito. Depois, o escândalo e a corrupção. A sujeira política dá-me vómitos. Os que não sabem responder àquilo que já devia estar mais do que pensado ainda mais vómitos me dão.
Nunca tive um partido. E não tenho um partido. Ao longo da minha vida as pessoas pelas quais estou rodeada e que defendem um partido não o defendem porque acreditam na sua ideologia ou nos seus líderes, defendem-no porque sempre o fizeram e então é a "tradição". A maioria das pessoas que conheço limita-se a dizer que está sempre tudo na mesma, mas nunca argumentam esse ponto de vista. Nunca fui estimulada para a política, nem em casa nem na escola. Não considero que seja uma desculpa para a ignorância política ou para o alienamento das sociedade. Não acho que seja um problema exclusivo da minha geração, bem pelo contrário, acho que a ignorância política é transversal à sociedade. E acho um erro não se abordar temas ligados à política na escola. Quiçá a ignorância seja benéfica a uns quantos...
Continuando com o tema central deste post: o voto. Acho incrível como há pessoas que vêm o acto de votar como desnecessário ou dispensável. Não é um dever nem uma obrigação, certo. Temos a liberdade para escolher entre votar ou não, certo. No entanto, não consigo deixar de pensar que é totalmente inadmissível não votar. Acho ainda mais inadmissível aqueles que não votam julgarem-se no direito de reclamar de tudo e mais alguma coisa que os políticos fazem. O acto de votar é um direito, um direito que conquistamos e a oportunidade que temos em expressar o nosso contentamento ou a nossa desconfiança, é o momento em que nos podemos expressar de forma a que alguém nos oiça. Votem em branco, votem na Srª de Cor-de-rosa ou em quem quiserem, mas por favor não se esqueçam de votar. É só uma hora que têm de tirar do vosso dia, ou nem tanto. Por isso não se esqueçam da importância do voto neste dia e nesta altura. Querem as coisas diferentes então têm de as mudar e não esperar que alguém faça isso por vocês. Se não votarem... pensem duas vezes antes de falar de política nos próximos anos!

P.S.: Quando fui à Turquia o ano passado estavam também em época de eleições e a verdade é que nota-se o envolvimento dos jovens e da sociedade em geral na política. A verdade é que eu contactei com jovens de um liceu privado, com a maioria dos pais com formação superior e provavelmente com alguns ligados à política. Esse ensino superior da geração transacta também é importante e certamente também os desperta para a política, o que faz com que esta facção de jovens esteja mais estimulado e aberto para discutir política com maior conhecimento e naturalidade. Tenho pena que em Portugal não se olhe para a política com interesse e tenho muita pena de eu perceber tão pouco.