terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Cinco notas

Foto: aqui.
- O Vitória deslocou-se a Belém numa jornada que os vitorianos esperavam ser de reviravolta, contrariando os maus resultados dos últimos tempos. O Vitória entrou bem e foram precisos apenas dez minutos de jogo para que Hernâni, com muita categoria, fizesse o gosto ao pé. Infelizmente o Vitória viu-se incapaz de segurar o resultado e Miguel Rosa acabou por empatar o jogo pouco depois. O marcador não sofreu mais alterações. Num jogo ameno, principalmente na segunda parte, fica a sensação de que, mais do que um ponto ganho, perdemos dois pontos importantes quando a vitória esteve na mão e ao nosso alcance. A equipa não esteve num dia particularmente feliz, assim como Pedro Martins. Parece-me uma incógnita o porquê de, numa equipa que claramente não estava a funcionar, ser necessário esperar até aos 86 minutos para fazer a última substituição. Compreendia isso numa equipa que estivesse constantemente perto do jogo e com um futebol irrepreensível, mas mesmo assim alguma coisa não estava a funcionar se ninguém fosse capaz de marcar. Rafael Martins, que acrescentou pouco ao jogo, foi substituído demasiado tarde. Marega apesar de não estar no seu melhor período constituí sempre um perigo para o adversário, foi substituído demasiado cedo. Claro que Pedro Martins terá as suas razões e eu, longe de ter as suas competências, não quero questionar o seu trabalho, mas de facto não percebo porque não se arrisca mais.
Estamos no 5º lugar da tabela classificativa com 36 pontos, a 12 jornadas do fim do campeonato. Apesar de ser matematicamente possível lutar por mais, parece-me que é importante ser realista e perceber que o que está ao nosso alcance, neste momento, é o 4º lugar. O 3º lugar está a oito pontos e o 4º lugar apenas a dois. Claro que o único que realmente depende de nós - e é absolutamente indesculpável não o segurar - é o 5º lugar. O Marítimo, depois do empate no derby madeirense, está apenas a 3 pontos. Como no futebol nada é estático, não é uma distância segura, mas o último lugar europeu é o mínimo aceitável e, repito, só depende de nós. 

- As juvenis do voleibol do Vitória foram a Vizela defrontar o Sporting de Braga num jogo a contar para a final da Taça Associação de Voleibol de Braga. Apesar das conquistadoras não terem entrado da melhor forma no jogo, perdendo inclusive o primeiro set, foram as atletas vitorianas a levar a melhor e conquistaram a Taça pelo terceiro ano consecutivo reforçando o domínio categórico do Vitória na região - as nossas juvenis têm vencido não só a Taça, mas também o campeonato regional. É um motivo de orgulho e mais uma prova, no meio de tantas outras dadas ao longo dos anos e não só no voleibol, de que as modalidades enriquecem tremendamente a identidade vitoriana. 

- Ouvi, com atenção, a entrevista do Vice Presidente Armando Marques, concedida a Carlos Ribeiro da Rádio Fundação. Naturalmente há coisas com as quais concordo e outras com as quais discordo. Uma das coisas com que estou absolutamente de acordo é que não ficar, pelo menos, na quinta posição da tabela classificativa seria um falhanço. No entanto, e com tantos assuntos importantes que poderiam ter sido abordados, pareceu-me que Armando Marques passou demasiado tempo a discorrer sobre as críticas. Num clube com a dimensão do Vitória, é normal que sejam diversas as interpretações e que surjam críticas. Rejeita-las é negligenciar a incrível massa adepta do clube. A crítica construtiva é fundamental para o crescimento. Claro que as críticas gratuitas e à pessoa, ao invés de ser às ideias, devem ser veemente condenadas e não têm lugar em lado nenhum. No entanto, e pelo que eu vejo, a larga maioria das críticas são às ideias, por interpretações diferentes e porque todos querem fazer o Vitória crescer. E isso é importante. Há muita gente que despende do seu tempo para fazer o que pode em prol do Vitória, seja isso o que for, e inclua, ou não, críticas. Os vitorianos importam-se muito com a instituição que apoiam e que sentem que os representa. Reprimir essas críticas construtivas, ou condená-las como um acto menos vitoriano (como frequentemente acontece nas redes sociais), é um erro. Quando os vitorianos deixarem de se importar, o Vitória passará a ser um clube como todos os outros. 

- O futebol é muitas vezes manchado por violência desnecessária entre adeptos adversários. Já o disse, e repito hoje, que sou da opinião que a violência não tem lugar em nenhum sector da vida, inclusive no futebol. São muitos os adversários, um grupo restrito de rivais, mas nenhuns são inimigos. Podemos concordar ou discordar, apreciar ou não, mas há espaço para todos. Menos para a violência. O grupo Fúria Azul, afecto ao Belenenses, organizou um convívio com os grupos de vitorianos numa excelente demonstração de desportivismo. Sempre que fui a Belém, fui bem recebida e lembro-me particularmente de um jogo para a Taça de Portugal em que, alternadamente, os adeptos de cada clube iam gritando pelo nome do seu clube, terminando com um aplauso colectivo. É disso que se faz o futebol: paixão, desportivismo, saber estar e saber receber. Um aplauso aos adeptos vitorianos que fizeram a deslocação a Belém e um aplauso aos adeptos do Belenenses, pelo desportivismo. Adeptos que, com fervor, apoiam o clube das suas terras. Portugal precisa, cada vez mais, disso.

- Por fim, e não menos importante, tenho de fazer referência à batalha que Rui Salgado, um dos nossos, venceu. Na altura em que tive conhecimento da situação do Rui contribuí e partilhei aqui um apelo, num pequeno gesto que tentava fazer chegar a situação a mais gente. É com grande satisfação que vejo que o cancro já é passado na vida do nosso conquistador. As bancadas ficaram mais felizes, com toda a certeza! Parabéns, Rui, e obrigada pelo exemplo de superação!

2 comentários :

  1. Mais um excelente texto com o qual estou de acordo.
    Apenas duas notas:
    Uma para manifestar um crescente desapontamento face à forma como Pedro Martins mexe na equipa sem tirar proveito dessas mexidas. Porque, do meu ponto de vista, por norma mexe mal.
    O Restelo foi um exemplo disso.
    O Vitória é melhor que o Belenenses, luta pela Europa, pelo que o empate era um mau resultado e com a equipa a não conseguir superiorizar-se era preciso mais que nos jogadores mexer na estratégia. PM foi banal. Tirou dois extremos e o ponta de lança e meteu outros dois e outro ponta de lança. Resultado? Zero!
    Quando se pedia a saída de Zungu e Hurtado (passaram ao lado do jogo) para entrarem Tozé e Texeira, uma para dar dinâmica ofensiva ao meio campo e o outro para aumentar a pressão no centro da defesa, PM tirou Hernâni (o melhor jogador da equipa neste jogo...e noutros) e Marega cujo poder fisico podia fazer a diferença nos minutos finais. Mal. Muito mal.
    A segunda nota é sobre a entrevista.
    Não a ouvi e dela apenas conheço os ecos, tristes, da intolerância sobre quem pensa o Vitória de forma diferente.
    Nalguns casos há muito mais tempo que o pensador agora entrevistado.
    Mas fico satisfeito por um vice presidente do Vitória já poder dar entrevistas à Rádio Fundação, mesmo com alguns conteúdos dispensáveis, sem provocar alergias diversas nos seus colegas de direcção/SAD. É um progresso...

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    1. O jogo em Belém foi um exemplo gritante de que Pedro Martins não tem tirado partido das substituições. As substituições de Marega e Hernâni, assim como esperar até aos últimos cinco minutos para fazer a última substituição num jogo que precisavamos de (mas não estavámos a) ganhar não têm grande cabimento, pelo menos para mim. Espero que a equipa tenha um melhor desempenho já amanhã e que a semana culmine numa vitória e na conquista de três pontos que são muito necessários! Uma vitória amanhã é um bom ponto de partida para o jogo da Taça de Portugal a meio da semana.
      Quanto à entrevista, foram minutos a mais a falar sobre o mesmo sem necessidade alguma. Esse tempo podia ter sido aproveitado de outra forma, como por exemplo para informar os sócios dos contornos dos negócios da janela de transferências. Infelizmente os vitorianos não têm conhecimento de nenhuns negócios, o que me entristece.
      Felizmente ainda há muitos vitorianos que discutem o Vitória com seriedade e sempre com a intenção de tornar o Vitória maior, seja no café, em blogues, nas redes sociais, ou nas AG. É uma das características de um clube grande: ter uma massa associativa interessada, participativa e leal. Se um clube não tiver essa base, quando estiver prestes a cair ninguém tomar iniciativa para impedir isso de acontecer.

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