terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Destino: Jamor

Foto: Vitória SC
A Taça de Portugal é, talvez, a competição mais querida da maioria dos adeptos portugueses e, acredito, é a mais acarinhada pelos vitorianos. É o palco dos sonhos para todas as equipas. É o nosso palco dos sonhos. Os jogos têm um sabor diferente, todos querem ganhar, o estatuto tem pouca ou nenhuma relevância, a classificação do campeonato não significa nada e as equipas agigantam-se na expectativa de pisar o relvado do Jamor e, quiçá, levantar a tão cobiçada taça. Todas as equipas têm uma certa urgência em ganhar e isso é, porventura, a característica que torna esta competição tão bonita.

O Vitória entra em campo amanhã para disputar o primeiro jogo da meia-final, dentro das muralhas da nossa cidade. O adversário é o Chaves, outro emblema histórico português que tem uma massa adepta muito dedicada. Esta era a final que eu gostaria de ver no Jamor. Na impossibilidade de isso se poder concretizar quero, naturalmente, que o (meu) Vitória chegue ao Jamor e, mais do que isso, que volte a levantar a taça. Esse é o sonho, mas não vai ser fácil. Entrar em campo a achar que sim é um erro e pode ser fatal. O Vitória não está na sua melhor fase e, apesar da importante vitória caseira frente ao Moreirense, tem de batalhar muito para conseguir conquistar este jogo. O ideal é conseguir uma vantagem confortável sem sofrer golos.

Já fui duas vezes ao Jamor ver o Vitória disputar a final da Taça de Portugal. Em 2011 vi, com muita tristeza, o Vitória ser derrotado pelo Porto por 6-2. Uma derrota pesada que doeu a todos os vitorianos. Ao deixar a bancada do Jamor só queria voltar lá outra vez. Queria vingar-me daquele resultado e queria ver o capitão vitoriano finalmente levantar a taça. No ano seguinte ficamos pelo caminho muito cedo, na casa do Desportivo das Aves. Estava no estádio, e a derrota foi quase tão dolorosa como na final uns meses antes porque deitava por terra a hipótese de voltar ao Jamor, deitava por terra a hipótese de vencer a taça. Na edição seguinte, um percurso tumultuoso levou-nos ao Jamor. Na 3ª eliminatória, a vitória foi categórica sobre o Vilaverdense. De seguida, a vitória na casa do homónimo de Setúbal, com o jogo a decidir-se nas grandes penalidades. Nos oitavos-de-final, a decisão foi adiada outra vez para os penaltis, e a vitória foi arrancada ao Marítimo, longe da nossa casa. Os quartos-de-final tiveram sabor a final, com o Vitória a receber o eterno rival Sporting de Braga. Sofremos, mais uma vez, mas acabámos por ganhar por 2-1. As meias-finais foram disputadas com o Belenenses, com o Vitória a levar a melhor e vencer a eliminatória, disputada a duas mãos, por 3-0. O resto é história e é uma história bonita. Foi um momento extraordinário para a família vitoriana e, ainda hoje, indescritível.

Quando olho para as equipas que disputaram as duas finais, em 2011 e 2013, não posso deixar de pensar nas diferenças, que são muitas. E é com facilidade que percebo ainda melhor que a verdadeira essência do Vitória somos nós, os adeptos. Os jogadores - os que perderam e os que ganharam - passam, saem do clube, vestem outras camisolas. Eventualmente todos acabam por sair e por rumar a outros clubes. Mas nós não. Nós nunca vestimos outra camisola, nós nunca queremos segurar outro cachecol, nós nunca deixamos este símbolo por outro. Se voltarmos ao Jamor, no próximo mês de Maio, a maioria dos jogadores que lá estiveram pela última vez ao serviço do Vitória já não vão estar lá, mas nas bancadas vão estar lá muitos dos que estiveram há 4 anos e há 6 anos porque, de facto, somos os únicos que nunca deixam o clube. Amanhã vamos marcar presença uma vez mais e vamos caminhar, juntos, para o Jamor. Assim espero!

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