terça-feira, 7 de março de 2017

Objectivos ao virar da esquina

Foto: Vitória SC
Na última semana o Vitória disputou dois jogos de extrema importância para a época desportiva. Na última quarta-feira recebeu e venceu o Chaves, a contar para a primeira mão das meias-finais da competição rainha do futebol português. Viajou então para Lisboa, para disputar a 24ª jornada da Liga NOS em Alvalade. Importava conseguir uma vitória com muitos golos no primeiro desafio, enquanto que no segundo só importava a vitória que valia 3 pontos, independentemente do resultado. A realidade não é tão boa, mas o balanço da semana, no que à principal equipa de futebol profissional diz respeito, parece-me ser positivo.

O Estádio D. Afonso Henriques foi palco do primeiro confronto da história entre o Vitória e o Chaves a contar para a Taça de Portugal. O clube da casa (e do meu coração) não foi o melhor anfitrião para os flavienses e para a história fica a vitória do Vitória, conseguida com dois golos incríveis de Hernâni. Foi um jogo que respeitou a história. O primeiro jogo de sempre entre as duas equipas foi em Chaves, a contar para a II Divisão na época 1955/1956. Um jogo repleto de golos que acabou com a vitória dos branquinhos por 6-4. Na segunda volta a vitória foi ainda mais categórica: o Vitória marcou por 7 vezes, sem nenhuma resposta. Foi a primeira vez que os transmontanos saíram derrotados de Guimarães. Muitos anos e alguns jogos depois, o Chaves continua sem saber o que é sair de Guimarães com uma vitória. O jogo da última quarta-feira não contrariou a tendência. Apesar de um resultado menos expressivo e de um jogo, acredito eu, mais equilibrado o vencedor foi o do costume. Os dois golos, para além de merecerem ser vistos e revistos, dão a vantagem ao Vitória. A vantagem deve dar confiança - à equipa e aos adeptos -, mas não deve descurar a preparação para o próximo jogo, disputado no Municipal Engenheiro Manuel Branco Teixeira. Entrar no tapete verde com uma postura relaxada e despreocupada é um risco que não podemos correr, especialmente agora que estamos tão perto do Jamor. Devemos entrar sem pressão, afinal é o Vitória quem está em vantagem, mas sem facilitismos. As bancadas, como é hábito no mais belo estádio português, estiveram compostas. Muitos vitorianos e uma falange de apoio flaviense merecedora de aplausos. Tirando os insultos, os apupos e assobios durante os festejos da equipa da casa é assim que as bancadas dos estádios portugueses deviam estar mais vezes: com adeptos que apoiam a equipa da sua cidade!

Depois da vitória caseira, os conquistadores viajaram até Lisboa. Pedro Martins seguiu a máxima de que em equipa que ganha não se mexe e foram os mesmos onze jogadores que subiram ao relvado de Alvalade, com destaque para Miguel Silva que, depois de uma excelente exibição no jogo da Taça de Portugal, recuperou as redes vitorianas no campeonato. Com a vitória do Marítimo a meio da tarde de Domingo, e consequente aproximação pontual ao Vitória, era fulcral pontuar em Alvalade. Para além de fulcral, sabíamos que ia ser complicado. Apesar do jogo da primeira volta ter sido épico (e impróprio para cardíacos), com um empate a 3 bolas, as deslocações ao reduto sportinguista nas duas últimas épocas ainda me faziam mossa. Duas derrotas pesadas, por 4-1 e 5-1, não são facilmente esquecidas. No entanto, a equipa vitoriana entrou no relvado sem fazer caso disso. De cabeça levantada, peito feito e vontade de conquistar fizeram uma primeira parte de muita qualidade, a disputar o jogo de igual para igual. Ao intervalo perdíamos pela margem mínima, mas a exibição dava-me confiança de que o rumo do jogo ainda podia mudar. A segunda parte foi menos frenética, mas igualmente equilibrada. Aos 76 minutos, Marega regressou aos golos. Depois de muitos jogos a fazer por marcar e de muitos outros a merecer o tão almejado golo, desta vez foram os pés do maliano a concretizar a conquista de um tão importante ponto. O resultado não é o melhor, mas é condizente com o que se passou dentro das quatro linhas. Foi um bom espectáculo de futebol, manchado apenas pela exibição pouco satisfatória de Jorge Sousa. No entanto, e quanto a isso, a minha posição é falar o menos possível, como já o disse. Não porque me conformei ou porque acho normal, mas porque pressionar ou coagir árbitros é uma constante no futebol português, amplamente aceite por dirigentes, pelos órgãos responsáveis, pela comunicação social e pela maioria dos adeptos que, cegos de fanatismo, só querem que o seu clube ganhe para poder exibir taças e campeonatos e justificar o seu "amor", o facto de isso custar a verdade desportiva é só um pormenor no meio de tantos outros. 

Com o ponto conquistado em Alvalade, a equipa orientada por Pedro Martins chega ao marco dos 40 pontos. A 10 jornadas do fim do campeonato, estamos no 5º lugar da tabela classificativa. O 3º lugar já se encontra a 8 pontos, mas o também apetecível 4º lugar está a apenas dois pontos e deve ser o objectivo no campeonato. Por agora! Voltar aos primeiros quatro melhores classificados é, sem dúvida, um novo passo para acordar este monstro vitoriano que tem andado adormecido. A final da Taça de Portugal parece estar também muito perto. Depois desta semana com resultados e exibições positivas, temos razões para esperar um término de campeonato que satisfatório. Ainda sem lançar foguetes, sem fazer a festa, sem demasiado entusiasmo. Apenas cientes de que sabemos fazer o nosso caminho, e sabemos fazê-lo bem - apesar de todas as contrariedades, e são muitas -, sem nos perdermos dos nossos objectivos. Cientes de que a luta vai ser muito dura e vai exigir muito trabalho. Mas se há quem mereça o trabalho e o esforço são as gentes de Guimarães. As gentes de Guimarães que a meio da semana marcaram presença no estádio, as gentes de Guimarães que, antes de um dia de trabalho, fizeram uma viagem longa e morosa para apoiar a equipa durante pouco mais de 90 minutos, as gentes de Guimarães que, ano após ano, acompanham o Vitória para todo o lado sem esperar ou pedir alguma coisa em troca, essas gentes de Guimarães que são incansáveis merecem. Nós, os que somos e sentimos o Vitória, merecemos! 
Foto: Joaquim Galante em Vitória SC

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